quarta-feira, 30 de março de 2016

Temer ou temer, eis a questão

Alcides Docatio dos Santos*

        Estamos diante de um dilema: Temer ou temer. Ou diante de um enigma? E ele passa, necessariamente, pela gramática. Iletrados e cultos, ricos e pobres, patrões e empregados, crentes e incrédulos, idosos e jovens, todos, indistintamente, são afetados por ele.
É um jogo. Mas não é de dama. Nem de dominó. É de xadrez. Mas para iniciantes, como eu. Como eu, não. Nem iniciante, sou! Quando se imagina ter entendido, muda tudo. O que parece ruim agora, é bom daí duas horas. O que é bom agora, é ruim daí dois minutos. E assim vai, peça por peça, muito além de dezesseis disponíveis, são 513, num primeiro round. E, havendo o segundo, o número cai para 81.
Um rei e uma dama. O rei com total liberdade. Mas só uma casa por vez. A dama, ou rainha, com total liberdade e com mais poder. Só perde para outra, que está de olho, observando de uma marina.
De uma torre, os movimentos são vigiados. Cavalos, peões, bispos esperam o momento crucial em que o dilema poderá ser vencido e o enigma entendido.
O bispo pode-se mover na diagonal, mas nunca mudar de cor. Sua cor é sempre a verdinha, aqui e lá. Ele é superior ao cavalo e ao peão, e nem sempre o cavalo será uma permuta interessante.
O cavalo, embora aparentemente indesejado, apresenta versatilidade. Age sempre em “L”. “L” de “Lu”, primeira sílaba de luta e “L” de “Lá”, nota musical, numa combinação perfeita entre a singeleza da música e a certeza da batalha. Sua performance é boa, pode saltar tanto sobre os semelhantes quanto os adversários. Parece ter o poder da torre e do bispo.
O peão é destinado ao ilógico. Na primeira diagonal superior, pode tudo, até capturar adversário. Mas empaca quando uma peça se fixa à sua frente. Não é versátil. Trava com um obstáculo frontal imediato. Mover-se para trás, nunca. Tem lógica. O recuar estrategicamente não é permitido ao peão, é como escudo dos protegidos.
E o dilema - ou enigma? - sendo vencido ou entendido. Temer ou temer, substantivo e/ou verbo.

*Observador político sem formação acadêmica na área

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