quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Consciência de quê?

    Carlos Alberto*

Amanhã é feriado. Feriando de quê? Consciência negra! Consciência de quê?
Consciência de que sou negro? Se for, então haverá de ter um Dia de consciência branca, Dia da consciência parda, Dia da consciência amarela! Ah já existe o Dia do índio. Mas não deveria ser Dia da consciência indígena?
Mas espere, agora a minha classificação não é mais "negro", agora sou preto!
Preto ou negro, uma coisa eu sei: somos todos iguais, braços dados ou não. Pelo menos deveria ser assim, todavia não é isso que as pesquisas mostram quando apresentam os atingidos pela violência, os alcançados pela miséria, os ocupantes dos cargos de alto escalão, os frequentadores de universidades púbica de qualidade, a concentração da riqueza do país, os índices de natalidade e mortalidade...
Somos todos iguais à medida de nossa diferença! Portanto, apoio as políticas que igualam os desiguais, mas sou contra a politicagem do apadrinhamento,o intencionalismo do paternalismo e a falsidade do "coitadinho".
Rechaço a expressão "negro de alma branca". Nem me venha que "o diabo não é tão preto como parece". Se quer me ofender, grite em bom tom: "parece serviço de preto". Por que denominam "lista negra", "mercado negro", "buraco negro", "ovelha negra"?
Talvez o Dia da Consciência Negra seja o dia para que todos (brancos e negros) lembrem-se de um tempo entre nós em que o negro foi considerado mercadoria, trazido de sua terra em sujos porões de navios e que tiraram sua identidade e dignidade. Mas também para abrir nossos olhos para o presente em que há desde brancos a pretos nos lixões, nas sarjetas, na linha abaixo da pobreza.
Quem sabe que seja o dia do negro (e todo o oprimido) exigir seu lugar na sociedade, lutar pela igualdade de fato e de direito e mostrar que sua colaboração ajudou (e ajuda) a construir essa terra idolatrada, salve, salve chamada Brasil?
É hora de se refletir sobre a inserção do negro no mercado de trabalho, reavaliar a política de cotas universitárias, questionar a discriminação por parte da polícia, espaço na mídia e na sociedade do homem e da mulher negros. Mas sem esquecer dos demais discriminados e que vivem à margem da sociedade!
Mais que bolsa família ou qualquer programa de assistencialismo, povo precisa de condições de manter-se dignamente pelo seu trabalho e pela igualdade de oportunidades em todas as direções!
Se Deus não faz acepção de pessoas, só é válido o Dia da consciência negra se for para a sociedade repensar a sua cor e chegar a conclusão de que constituímos uma sociedade multifacetada de muitos tons, de muitas origens, multicolorida, mas de um único propósito: viver bem em busca da felicidade geral e da nação, afinal, dos filhos deste solo, nossa mãe é a Pátria amada, Brasil!

*Auditor Fiscal do Trabalho, cristão e palestrante.

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