quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O contexto histórico em que Jesus nasceu - Final


   Prof. José Francisco de Moura
   Doutor em História

Depois de tudo que vimos nos escritos anteriores fica mais fácil compreender porque Jesus foi morto.

Jesus desagradou todos os grupos organizados judeus de seu tempo. Não foi aceito entre os essênios, foi desprezado pelos zelotes por não ser um líder militar, irritou os saduceus com a desobediência à Torá e provocou a ira dos fariseus ao chama-los de hipócritas, sepulcros caiados e outras ofensas.


Mas Jesus tinha seguidores e não eram poucos. Mesmo entre os fariseus. Sua pregação era forte e atingiu os corações sensíveis. Seus milagres atraíram milhares de pessoas. Ele começava a retirar a atenção do Templo para si. Os sacerdotes perdiam poder e prestígio a cada dia. A continuar naquela toada, em breve milhares de judeus não mais pagariam os dízimos ou fariam sacrifícios. A gota d’água da audácia de Jesus tinha sido a confusão criada no Templo, quando espancou os comerciantes de pombas e os que faziam câmbio. Era necessário mata-lo, mas sem sujar as mãos, pois seus seguidores poderiam se revoltar.

Parece não haver dúvidas de que a elite sacerdotal judia forçou a condenação de Jesus por Roma ao acusá-lo de se proclamar Rei dos Judeus, o que para Roma seria uma coisa grave, já que seria um desafio à sua autoridade. Mas mesmo para os romanos Jesus parecia inofensivo. A demora de Pilatos em condenar Jesus é um exemplo disso. Pilatos, que tinha um histórico de crueldades em seu currículo, não conseguia ver naquele homem brando perigo algum. Afinal, até alguns centuriões romanos tinham ficado empolgados com Jesus.

Parte da tradição afirma ainda que sua esposa Cláudia tinha ouvido Jesus falar e se encantando com Ele. Ela também teria tido sonhos reveladores sobre quem Ele era e teria avisado ao marido. Não se sabe se isso tem fundamento, mas várias evidências indicam que Pilatos condenou Jesus contra a sua própria vontade, apenas para fazer política com os fariseus, aliados dos romanos.

Com a condenação de Jesus pelos romanos os fariseus e os saduceus livravam-se da responsabilidade de terem que enfrentar os seguidores de Jesus, que segundo muitos estudiosos, já ultrapassaria a casa dos cem mil em toda a Palestina.

De tudo isso, fica uma lição que parece que muitos cristãos posteriores não aprenderam. Jesus preferiu a filosofia racionalista dos gregos à Lei. Em vida, Jesus deu uma aula de tolerância para com os diferentes e combateu os intolerantes religiosos do seu próprio povo ao invés dos deuses de outras nações. Jesus preferiu o universalismo e o politeísmo greco-romano que respeitava todas as crenças aos fanáticos judeus que seguiam o Velho Testamento.

Por fim, um recado. Você, cristão,  que fica com a bíblia debaixo do braço buscando condenar gays, espíritas ou ateus usando citações da Bíblia: saiba que você, espiritualmente falando, está muito mais próximo dos que mataram Jesus do que dele.

Fonte: http://josefranciscoartigos.blogspot.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário