sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Escola Bíblica Dominical - Lição de 17 de fevereiro 2013*


Lição 7 - Estilos de culto
Texto Bíblico: Efésios 5.19; Colossenses 3.16

Introdução:
Falar em estilos de culto coletivo é falar em liturgia. Enquanto batistas usamos pouco o termo liturgia. Para alguns, liturgia é “coisa de católico”. Para outros, liturgia traz a ideia de algo formatado, quadrado, limitado. Nossa caminhada pelas lições anteriores nos permite entender que, na verdade, liturgia não é nem uma coisa nem outra. Liturgia é tão somente a “parte visível” do culto, é a nossa tradicional “ordem de culto”, que contém os elementos de tudo o que acontece numa celebração.
Uma vez que liturgia é algo secundário em relação ao culto, a variação de estilos litúrgicos em si não é um problema. Problema seria a variação do culto, porque comprometeria a essência. Mas, para facilitar o nosso entendimento, utilizaremos o termo “culto” entendendo-o, nesta lição, como “liturgia”. Com a devida explicação, passemos a refletir no tema de hoje: estilos de culto.

1. Culto nas igrejas batistas
Diferentemente das lições anteriores, começaremos esta com um pouco da história do culto batista .

Há, pelo menos, três teorias sobre a origem dos batistas. Sem entrar no mérito, pois o propósito aqui não é este, uma dessas teorias afirma que a denominação batista nasceu na Inglaterra. Isso aconteceu por intermédio do ex-anglicano John Smyth, um pastor da ala separatista, que estava sendo perseguido. Face à perseguição, Smyth mudou-se para a Holanda e desligou-se dos separatistas ingleses.

Smyth era contrário aos manuais litúrgicos, pois entendia que esses livros eram obstáculos à adoração no culto. O culto de Smyth era longo, centrado no sermão, mas dando oportunidade para que os presentes debatessem o assunto explicado pelo pastor. Eram cultos parecidos com o modelo atual de Escola Bíblica Dominical.

O Pastor Smyth também não permitia que fossem utilizados materiais impressos. Para ele, o importante era que a Palavra fosse pregada e que o Espírito Santo tivesse liberdade para orientar a ordem litúrgica.

Nos dias atuais, há várias tendências de estilos de culto nas igrejas batistas. Vejamos algumas :
A que segue uma estrutura de culto baseada em Isaías 6.1-8, transplantada pelos missionários norte-americanos, que a ensinaram nos seminários teológicos. Essa liturgia seria “tradicional” ou “erudita”, porque praticamente só é usada nas igrejas onde há ministros(as) de música ou pastores que tenham sido alunos de seminários da denominação.
Existe uma liturgia que se pode rotular como “temática”, uma vez que nela são comemoradas datas de interesse denominacional, tais como: Dia de Missões Nacionais, de Missões Mundiais, do Pastor, de Educação Religiosa, além de outras datas. Sendo assim, a ordem de culto visa prestigiar cantos e leituras que abordem o tema do dia.
A liturgia que segue o tema do sermão do pastor para aquele dia e que pode ser denominada de “liturgia homilética”  .
Existem igrejas que mantêm, no culto dominicial da noite, uma ordem de culto oriunda dos metodistas “da fronteira”. James White cita essa liturgia, que ficou conhecida como “liturgia sanduíche”. Ela consiste, resumidamente, em música, mensagem e música, sempre com ênfase evangelística.
Existe a “liturgia renovada”. Talvez seja a que mais esteja se expandindo dentro das igrejas batistas: é aquela livre, espontânea, influenciada pelos neopentecostais. Sua estrutura é praticamente igual à das igrejas carismáticas. Existem duas partes: a primeira, com o chamado período de louvor, em que inúmeros cânticos são entoados, entremeados por orações espontâneas feitas pela equipe de cantores e instrumentistas que lideram o momento. A segunda parte consiste na exposição da Palavra.

Ainda há aquelas igrejas que fazem uma mistura de muitos dos tipos descritos acima. Fica, então, difícil, dar um nome para essa liturgia. Talvez o nome mais apropriado seja “liturgia livre”.

2. Princípios para o culto
Diante de tantos estilos, não seria sábio brigar por um ou mais deles. De igual forma, não é o melhor caminho buscar uma uniformidade. Creio que o razoável é primar pelos princípios que fazem de nós o que somos. Destacarei dois elementos fundamentais para a nossa reflexão:
MÚSICA. Esta é uma das questões mais importantes quando se fala em zelo pela liturgia, porque a música fica mais facilmente gravada em nossas mentes. A seleção das músicas para o culto cristão deve ser muito bem feita, passando um rigoroso “pente fino”.

Quando se fala em seleção de músicas para o culto, deve-se levar em conta a comunidade de fé. Não devemos moldar a liturgia esquecendo-nos das pessoas que participam do culto. O teólogo Erik Routley afirmou que a qualidade básica para que uma música sirva à liturgia é que ela seja acessível às pessoas comuns. Ao usar o termo comuns, ele se referiu à variedade de pessoas que vão aos cultos: gente de classes sociais diferentes, de idades diversas, de culturas distintas. Regra geral, as músicas que ficam em nossa mente e que nos pegamos cantarolando no dia a dia têm essas características. Geralmente são simples, com frases musicais curtas e repetições que ajudam a gravá-las.

Pensando na música para o culto, deve-se também pensar na sua teologia. Nossas crenças, como batistas, precisam transparecer nas músicas que cantamos. É muito triste mentir, mesmo que seja cantando com a congregação no culto. Cantar o que não se crê, só porque está “bonbando” na mídia, é incoerente.

DOUTRINA. O mau uso do termo desgastou um pouco o valor da doutrina em algumas igrejas. Há pessoas que têm verdadeiro pavor quando se fala em doutrina, pois pensam logo em algo limitador da adoração. Doutrina não é limitadora, é norteadora. Toda igreja tem uma doutrina, mesmo que assuma não tê-la. Nós, batistas, temos nosso corpo de doutrinas. São esses os ensinos que devemos proclamar no culto: ensinos de Cristo. Doutrina é a forma como sistematizamos, no dia a dia da comunidade de fé, o aprendizado dos ensinamentos de Cristo, exarados na Palavra.
Descuidar da doutrina é entregar o culto coletivo aos devaneios dos modismos. É possível um culto vibrante, dinâmico, participativo e bem doutrinado, pois doutrina está acima de estilo de culto.
       
Para pensar e agir:
Na maioria das vezes, mais importante do que conhecer o “porquê” de alguma coisa é saber o “para que”.
Certa vez uma pessoa perguntou ao pastor o que ele achava de orar com a mão para cima. O pastor respondeu que achava a mesma coisa de orar com a mão para baixo.
Quando a igreja se prende às coisas secundárias ela se perde no caminho. Devemos nos focar no essencial, no que faz o culto ser verdadeiramente culto.

Há uma velha ilustração de uma igreja que se dividiu em três por causa de uma bobagem. Um professor da EBD começou a pensar que, se Adão não tinha nascido da barriga de uma mulher, não teria cordão umbilical, logo, não teria umbigo. Então ele começou a defender a tese de que Adão não tinha umbigo. Um grupo concordou, outro grupo discordou efusivamente e outro ficou na dúvida, esperando o grupo vencedor para se unir a ele. Foi uma confusão, porque havia aquele irmão que não falava com o outro porque não cria no umbigo de Adão.

É muito triste quando a igreja, que tem tanta coisa para fazer por Cristo, se prende a detalhes insignificantes, como o umbigo de Adão. Fujamos dessas mediocridades e avancemos na qualidade litúrgica que Deus merece.

Leituras Diárias:
Segunda: Salmos 74 e 75
Terça: Salmos 76 e 77
Quarta: Salmo 78
Quinta: Salmos 79 e 80
Sexta: Salmos 81 e 82
Sábado: Salmos 83 e 84
Domingo: Salmo 85

*Lições da Escola Bíblica Dominical das Igrejas Batistas da Convenção Batista Fluminense, da Revista Palavra&Vida, escritas pelo Pr. Elildes Júnio Marcharete Fonseca.

*Esta Revista é enviada gratuitamente às Igrejas Batistas da Convenção Estadual.

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