sábado, 13 de agosto de 2011

Mordomia da Audição


O ouvido humano, diz a ciência, pode tolerar até 90 decibéis sem prejuízo. Se você não tem idéia do que isso representa, basta saber que uma máquina de lavar, funcionando, produz ruído equivalente a cerca de 60 decibéis.

Parece que nossa sociedade zomba cada vez mais dos limites estabelecidos pela própria natureza. É o vizinho, que põe o som para a rua inteira ouvir; é a festa que vai madrugada a dentro no mais alto volume; é o centro de macumba; é a escola de samba... Dizemos que no Brasil não há tremor de terra... Isto é, não há, até que passe pela gente o carro incrementado do play-boy com um som nas alturas.

Infelizmente, de uns tempos para cá, um novo item deve ser acrescentado a essa lista infeliz: são algumas igrejas, que insistem em produzir mais barulho do que calor espiritual.

Há alguns anos, uma igreja batista em nosso país teve que gastar dinheiro que não tinha para revestir as paredes de um certo tipo de material que inibisse o som para a vizinhança. E o fez, obrigada pela justiça. Perseguição religiosa à parte, seria bom que déssemos bom testemunho aos vizinhos, respeitando-lhes o direito ao silêncio.

Uma pesquisa nos Estados Unidos revelou que 40% dos jovens de 20 anos que hoje entram para as universidades de lá já estão sofrendo de deficiência auditiva, que é doença irreversível. Bruce Springsteen, grande astro do rock, em 1997 ficou totalmente surdo de um ouvido e perdendo rapidamente o outro. Talvez você já tenha se perguntado como é que o ilustre passageiro ao seu lado agüenta ouvir uma música cuja estridência você também está ouvindo.

É hora de começarmos a questionar se temos sido bons mordomos de tudo o que o Senhor nos deu. E por que não cuidar melhor da audição? Já que é bom preservar o verde, a fauna, a flora, que tal preservar também o precioso privilégio de ouvir?

Pr. João Soares da Fonseca

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