quinta-feira, 21 de abril de 2011

SETE PALAVRAS, 5 -- HUMANIDADE

Depois de uma longa caminhada sob o sol, depois de perder sangue, no auge de sua exaustão, pede água. É o que seu grito pressuõe:

--- Tenho sede. (João 19.28)

Jesus não tem medo de sua humanidade. Embora fosse Deus, não dá uma de Deus. Prefere ser humano.
Eu me lembro de antigas peças de teatro nas igrejas. Nelas, Jesus não era humano. Na verdade, Jesus, quando aparecia, tinha que ficar de costas.
Em nossas cabeças, o drama existencial de Jesus soa como um drama teatral ou cinematográfico. Aquele sangue todo devia ser ketchup. Aquele sofrimento todo não podia ser uma dor real. Na verdade, parece que ainda somos um pouco docetistas, aqueles quase-cristãos que pensaram que Jesus não era humano, embora parecesse.
Como conciliar uma visão desta com a palavra mesma do Messias, que grita, como qualquer um de nós, que está com sede?
Como conciliar nossa recusa à nossa própria humanidade? Como disse Galileu Galilei há tanto tempo (1564-1642), "todo homem quer ser rei; todo rei quer ser deus; mas só Deus quis ser homem”. Por que nos controla o desejo de parecer o que não somos?
Por que Jesus disse que estava com sede? Jesus disse que estava com sede porque estava com sede.
Por que não nos queixamos que está doendo, se está doendo?
Até nisto Jesus é modelo.

Desejo-lhe um BOM DIA.
Israel Belo de Azevedo

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